sábado, 13 de setembro de 2008

Curitiba I


Uma semana na cidade já me permite algumas observações. Espero não estar sendo injusto, mas prometo me retratar, caso mude de idéia ou me convençam do contrário. A cidade de Curitiba é funcional. Só isso já valeria como pretexto para visitar aquela que é considerada a capital nacional da qualidade de vida. Quase tudo funciona. Desde o sistema de transporte (pagam-se modestos R$ 8,00 por um confortável ônibus que sai do Aeroporto e deixa próximo à maioria dos hotéis), até a variedade de restaurantes (concentrados em sua maioria no bairro de Santa Felicidade zona gastronômica de Curitiba). O povo curitibano é bastante gentil (ao contrário do que me diziam) e capazes de gestos surpreendentes, como de um senhor que vendo que eu e uma amiga não estávamos conseguindo um táxi, se mostrou solidário informando o ponto mais próximo, sem que tivéssemos pedido. Achei 1000. E não foram só estes gestos. Todos sabem que a maior referência turística de uma cidade são os motoristas de táxi. Em Curitiba não é diferente. Com uma diferença. Tive a impressão que são extremamente honestos e cordiais. Existe uma tal de URBE, que gerencia o transporte público e treina os profissionais. Só este esforço já vale um tremendo elogio à administração da cidade. Mais isso não é coisa de uma gestão. Fica claro ser um acúmulo de boas iniciativas, que fizeram da cidade uma capital funcional e LIMPA, é bom que se diga. Os pontos turísticos são outro forte da cidade. Nada que se compare ao Rio de Janeiro, mas tive boas surpresas. Se pagamos R$ 16,00 podemos circular pela cidade em um confortável ônibus de turismo, com direito a quatro paradas (os ônibus convencionais custam R$1,90). Tudo isso com uma voz em off que resume, em alguns minutos, em português, espanhol e inglês, a história do lugar ou ponto turístico. Se não tiver saco pra usar todos os tickets em um só dia, pode deixar para o dia seguinte. No problem. Ponto pra cidade!
O ápice da viagem foi sem dúvida o passeio de trem pela Serra do Mar descendo 976 metros a partir da rodoferroviária de Curitiba. Por modestos R$ 28,00 fiz uma viagem (em classe econômica) maravilhosa, de quatro horas, e que me proporcionou momentos inesquecíveis. Com direito à guia e tudo. A viagem de trem nos leva até o município de Morretes a 10 m de altitude. Trata-se de uma cidadezinha que já foi um importante entreposto de alimentos, mas que com o processo de industrialização da capital e o crescimento do turismo ecológico viu sua importância reduzida ao turismo. Mas acho que basta. A pequena cidade parece cumprir bem essa missão. No caminho para Morretes, ainda no trem, percebe-se um tímido mas crescente processo de favelização (que o guia chamou equivocadamente de urbanização!) às margens da ferrovia. Típico sinal de que cabem aos pobres as zonas mais periféricas e sem estrutura alguma. Viajando no trem, nem parece que nossa Mata Atlântica está à beira da extinção. O pouco que sobrevive, às custas de projetos ambientais corajosos é simplesmente exuberante. A cidade não me pareceu cara e há uma boa rede hoteleira que supre de maneira eficiente a fluxo de turismo na cidade. Recomendo visitar a Catedral de Nª Srª da Luz (onde assisti uma linda missa em homenagem à padroeira da cidade), a Ópera de Arame, o centro histórico e o museu Oscar Niemeyer, onde vi exposições maravilhosas de Tarsila do Amaral e da história da cardiologia no Brasil. Ah... não deixem de visitar os parques da cidade. Curitiba tem uma área verde invejável. Foi muito bom ver crianças e velhinhos passeando pelos parques, nos raros momentos de sol que presenciei na cidade que me ofereceu nove graus de temperatura.

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