quinta-feira, 2 de julho de 2009

EUA! Eu Fui (de novo!)


Uma viagem aos Estados Unidos em meio a uma crise econômica, como a que fiz em maio último, pode ser muito útil, principalmente se vivermos em um país, como é o meu caso, em constantes balanceios financeiros e que atingem, sem sombra de dúvidas, a grande população empobrecida brasileira. Sair de um país onde a regra é uma puta falta de investimento público no acesso aos serviços mais essenciais, me fez pensar se, realmente, há uma crise nos EUA, como tantos dizem por aí. Que há desemprego não há dúvidas. Que há aumento da pobreza, também. Mas não há como questionar que tudo isso é inerente ao capitalismo selvagem, opção de uma nação que chama de “american way of life”, a exclusão de milhões de imigrantes e seus descendentes, de um modelo de vida do qual poucos têm acesso. Quando se vê na televisão, ou no metrô de NY imigrantes com Ipods poderosos, ou tênis de última linha, exaltando o sucesso por ter conseguido atravessar a fronteira com o México, não há como duvidar de que isso é fruto de um trabalho quase escravo, e sobretudo de uma ideologia massificada que transforma o fútil em artigo de primeira necessidade. Então onde está a NOVA crise. Ela sempre existiu, ou estava latente debaixo das engrenagens de um sistema cruel e desumano, onde muitos têm pouco e pouquíssimos detêm quase tudo, que o diga a Forbes.
Reflexões à parte, isso não faz dos EUA um lugar menos fantástico de se visitar, se o olhar puder nos levar a reflexões sobre o que significa a desigualdade e o individualismo crescente na sociedade contemporânea. Estar em loco na matriz da modernidade tecnológica, ou na sede de todas as formas de exclusão nos faz pensar (e aí reside uma mea culpa) sobre o fascínio que aquele país exerce sobre mim e muitos, que têm na ponta da língua o discurso da igualdade X desigualdade, riqueza X pobreza e por aí vai. Um paradoxo sem dúvida.
Pois é... eles estão lá. Continuam “estatísticos, com gestos rígidos, sorrisos límpidos e olhos penetrantes no fundo dos que olham, mas não no próprio fundo. Os americanos representam grande parte da alegria existente nesse mundo”, como diz Caetano. Estão lá... soberanos. Fudidos, segundo os analistas de economia, mas soberanos. Continuam vendendo milhões de cuecas CK todos os dias, tênis da Nike aos lotes a cada brasileiro classe média e, lógico, que fabricados às custas de trabalho escravo conseguido na nova Meca da exploração do trabalho humano e barato: a Ásia. Todos estão lá. E nós (outra mea culpa) comprando alucinadamente no limite do cartão! O fato é que, se suportei tanta contradição entre discurso e prática, é porque talvez este discurso não tenha sido tão convincente assim, ou eu seja um tremendo filho da puta. Mas ao menos (ufa) ainda tenho a capacidade de discernimento. Oxalá tome intento e consiga, algum dia, coadunar completamente discurso e prática.

Um comentário:

daniel mazet disse...

SO FRANCES E CONHESO MUITO BEM ESSA CANTORA FRANCESA QUE SE CHAMA FRANCOISE HARDI QUE TIVE MUITO SUCESO NOS ANOS 60 GOSTO MUITO DELA EA TEN TAMBEN OTRAS CANCOES COMO DIZEMOS EN FRANCA " A TEXTE "
DANIEL DE PARIS